quinta-feira, janeiro 03, 2002

Meu fascínio por cobras data desde que me entendo por gente e alguém me falou que era um bicho peçonhento. Lembro perfeitamente que indaguei: o que é peçonhento?! E a pessoa respondeu: um bicho venenoso! E mesmo diante da explicação, o encantamento pelo animal não desapareceu, acho que foi se intensificando ao longo dos anos, se tornando uma parte minha, independente do sentido fálico tão decantado em prosa e verso.
Se fosse falar das cobras levaria muito tempo e a idéia aqui nem é essa. Guardo para outro dia a sedução de Medusa, a górgona derrotada por Perseu. Quero também deixar algumas sensações e impressões sobre ela, a mulher com cobras nos cabelos. Adoraria ter serpentes penduradas na cabeça.
Vamos voltar ao assunto que quero postar aqui, hoje. Estou lendo um romance, um livro que me foi dado de presente por um amigo querido. Alguém que me vê além do carnal e enxerga minhas existências, as anteriores, a presente. E ele me viu cercada de cobras um dia, dominando-as perfeitamente. Disse que o encontro era perfeito, as cobras e eu. Explicou que representava sabedoria. Quem sabe vem daí meu arrebatamento pelas víboras. Who knows?
Bem, estou aprendendo a história de Semíramis pelas mãos de Camilo Chaves, que após uma árdua pesquisa, projetou no presente a trajetória da sacerdotisa de Ísis. Uma mulher preparada sob os códigos secretos da Esfinge e que veio transformar-se na rainha da Assíria, da Babilônia, de Sumer a Akad. Entre seus pensamentos e reflexões, hoje estanquei num pedaço que diz:
'- Eu penso que, quando se nos depara o nosso grande amor, não há vestígios nem grandezas que consigam apagar os vestígios dessa afeição. O amor não está sujeito ao dinheiro ou ao poder: ele existe por si mesmo, a despeito dos infortúnios e de tudo. Eu creio na dualidade do ser humano, sintetizado no simbolismo de Ísis e Osíris, como princípios feminino e masculino, que se completam. Quando encontramos o nosso duplo, não há forças, nem obstáculos ou preconceitos que obstem a reunião. Há uniões erradas, é bem certo, mas há uma atração inelutável entre os seres, que, desde as origens se pertencem e, quando se aproximam, desaparecem inconveniências e perigos, para a fusão final na unidade'.
Por hoje é só, amanhã tem mais.